TEMPO DE CHORAR
HOJE É TEMPO DE CHORAR!
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito
debaixo do céu. 2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de
plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; 3 Tempo de matar, e
tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; 4 Tempo de
chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; 5 Tempo
de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de
afastar-se de abraçar; 6 Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo
de guardar, e tempo de lançar fora; 7 Tempo de rasgar, e tempo de
coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; 8 Tempo de amar, e
tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. 9 Que proveito tem
o trabalhador naquilo em que trabalha? 10 Tenho visto o trabalho que
Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar. 11 Tudo
fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este
possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim. 12
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer
bem na sua vida; 13E também que todo o homem coma e beba, e goze do
bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus. 14 Eu sei que
tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada
se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele. Eclesiastes 3.1-14
Estou em gozo de férias
aproveitando as praias do litoral Catarinense. Não estou tendo acesso com
facilidade a jornais e noticiários televisivos. Mas fiquei profundamente
chocado hoje pela manhã quando li na página do UOL que uma boate da cidade de
Santa Maria – RS teve um incidente de proporções gravíssimas. Um incêndio,
supostamente provocado durante uma apresentação de uma banda musical, devastou
todo ambiente em pouquíssimo tempo. Naquela hora, por volta das 10 horas, o
site noticiava a possibilidade de 90 mortos e mais uma centena de feridos.
Alarmante!
Saí com a família, passei o dia
fora, e quando regressei ao apartamento onde estamos, fui me atualizar das
noticias, e fiquei mais chocado ainda. O número de mortos, na sua grande
maioria absoluta de jovens universitários, guris e gurias de 18 a 25 anos,
ultrapassava o número de 223 mortos, fora aqueles que ficaram terrivelmente
queimados, e que, se sobreviverem, deverão ter
sequelas das queimaduras para o resto de suas vidas.
Nossa palavra nesse momento de
profunda dor e comoção, não somente em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, mas
no Brasil, e acredito com repercussões internacionais, é de consolo. Só podemos
orar. É praticamente inimaginável a dor
dos parentes e amigos daqueles que perderem entes queridos nessa tragédia.
Acredito que o Brasil hoje esteja orando, intercedendo, chorando, em prantos de
luto, por todo ocorrido.
Fico a pensar nos meus filhos
adolescentes, na juventude de nossa igreja, e de muitos amigos jovens que
conhecemos. Meu Deus, o que podemos fazer por essa massa de gente? Sei que
nessa idade o jovem busca entretenimento, “azaração”, como eles mesmos dizem,
mas e as consequências das noites sinistras, como a de ontem, onde muitos de
nossos moços estão sendo ceifados, pelo abuso de bebidas, pela direção
perigosa, por assaltos da noite, e nesse caso especifico de Santa Maria, por
fatalidade. Digo fatalidade, porque no momento é só o que sabemos.
Agora, a sociedade não pode deixar
passar mais esse massacre. Fico pensando nesses ambientes onde se promovem tais
festas e encontros da juventude. Será que a fiscalização, os alvarás de
funcionamento, dos bombeiros, as medidas de proteção de incêndio, de rápida
evacuação de pessoas, e outros instrumentos que poderiam em muito evitar tragédias, como a de Santa Maria, não falharam? Com a palavra agora as
autoridades. Essas sempre aparecem nesses momentos. O problema, a meu ver, é
que depois somem, e os processos se arrastam nos tribunais por anos. E como
ficam os pais, os irmãos, noivos, namorados, cônjuges? Como fica a sociedade de
Santa Maria, do querido Rio Grande do Sul, de nosso Brasil?
Alguém, talvez, movido por dor tão
intensa e insuportável, poderá nesse momento perguntar, onde estava Deus que
permitiu tal tragédia? Ouso responder,se isso é possível nesse momento, acredito que não, sem querer ofender, mas tentando
entender o quanto possível tais indagações. Deus está no seu alto e sublime
trono, revestido de glória e majestade. Deus é amor, misericórdia, justiça e
paz. Talvez a pergunta que se deva fazer, e eu me incluo como pai de
adolescentes, é onde estão os nossos pais, onde está a orientação espiritual,
bíblica e pastoral a nossa juventude? Onde estão as autoridades que continuam a
permitir que locais como essa boate de Santa Maria funcione de forma
inadequada? Onde nos encaixamos nessa tragédia? A culpa, certamente não é de
Deus. Talvez não haja culpados, nem seja o momento propício de apontá-los.
Agora é tempo de lamentar, de chorar, de vestirmos de sacos de cinzas e colocarmos
a nossa boca no pó da terra, quem sabe haja esperança ainda para nossa geração,
tão sem rumo, sem perspectiva, sem norte, e muitos, sem Deus.
Com todo meu respeito e
consideração, Deus console e fortaleça o povo determinado do Estado do Rio
Grande do Sul.
Rev. Afonso Celso de Oliveira
Vendo agora a reportagem completa do Bom Dia Brasil, me ocorre um sentimento misto de perplexidade, compaixão e indignação. Destaco cinco ingredientes da tragédia:
ResponderExcluir1) Omissão do Estado - A boate Kiss estava com alvará de funcionamento vencido desde agosto de 2012 e continuava funcionando. Como pode isso?
2) Incompetência de funcionários da segurança - fecharam a única porta de entrada e saída, preocupados com a possibilidade de pessoas saírem sem pagar as comandas. Total falta de preparo para lidar com situações de emergência e caos.
3) Omissão e negligência do Corpo de Bombeiros - Não vetaram, como deveriam, o projeto de incêndio e emergência da boate - falhas gravíssimas - falta de saídas laterais de emergência; falta de extintores de incêndio com eficácia comprovada e adequada (um sobrevivente da banda afirmou a reportagem que o único extintor que chegou a mão de quem estava no palco não funcionou); falta de instalação de sprinters (aqueles mecanismos automáticos instalados no teto que disparam jatos de água ao sinal de fumaça ou fogo); falta de sinalização visível para orientar os transeuntes para as saídas de emergências.
4) Excesso de ganância dos donos da boate (provavelmente algum figurão da cidade, o que explica o fato de ter o local funcionando debaixo dos olhos das autoridades municipais sem nenhum impedimento) - deixaram entrar na boate um número excessivo de jovens, abuso na capacidade de lotação do local.
5) A imperícia, imprudência dos componentes da banda em acender um sinalizador, sabendo os músicos e a direção do evento que o teto é revestido de espuma acústica, altamente inflamável.
Aí vem o senhor procurador do Estado na reportagem dizer que o crime ocorrido deverá ser classificado como homicídio "culposo". O que seria necessário para se considerar doloso? Uma confissão assinada da Prefeitura, do Corpo de Bombeiros, do proprietário da boate, da banda de rock, etc. e tal, de que apesar de todo o risco e irregularidade, assumiram por conta própria o risco de uma tragédia anunciada?
Eita país tupiniquim!!
Em 2008 nossa igreja de Canela alugou um salão de 250 m2, que fica na sobreloja de um grande supermercado da cidade. Com uma semana de funcionamento, aguardando ainda a inspeção dos Bombeiros, com o pedido de concessão de Alvará de funcionamento (eu não conheço uma só cidade no Brasil que exija isto de igrejas e templos religiosos), um fiscal da prefeitura lacrou a entrada da IP de Canela, sem prévio aviso.
ResponderExcluirProcurei o secretário do Meio ambiente a época, que me informou que o lacre se devia ao fato deles não conhecerem o que é “Igreja Presbiteriana”. Ou seja, a prefeitura estava autuando por causa de ignorância (nos dois sentidos da palavra) e não por constatar alguma falha grave de segurança e prevenção de incêndio.
O SC-IPB, através de sua JPEF, autorizou imediatamente a contratação de advogados e entramos com pedido de liminar. O juiz da cidade ficou vacilante, mas a promotora pública entendeu imediatamente o abuso de autoridade contra a igreja, e a violação do artigo 5º de nossa Constituição Federal, que prevê a liberdade de culto e preservação do direito a espaços para esse fim legitimo. Pergunta que se faz agora: por quê para uma igreja houve rigor exagerado, e para bares, boates, e outros “inferninhos”, existe tanta tolerância?
Em tempo, a Igreja pela graça de Deus, e pela força da Lei brasileira, funcionou com portas abertas, e nunca tivemos qualquer problema de segurança, visto que é tradição reformada se respeitar leis e autoridades.