VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHERES EVANGÉLICAS
PESQUISA SOBRE
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DE DOUTORANDA DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
APONTA QUE 40% DAS VITIMAS SÃO EVANGÉLICAS
A pesquisa foi feita por
Valéria Cristina Vilhena, doutoranda pelo Programa de
Pós-Graduação em Educação, História Cultural e Artes, pela Universidade
Presbiteriana Mackenzie em 2010. Valéria também é teóloga, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista
de São Paulo (Umesp). Para nós fica claro que sua opção teológica é liberal, assumindo pressupostos da teologia social da libertação, e seus outros ramos. Portanto, trata-se de uma visão que não leva em consideração os pressupostos fundamentais da fé reformada, como considerar a Escritura Sagrada obra inspirada sem erros, infalível, etc.
Valéria observou que quase
40% das mulheres atendidas no projeto social “Casa Sofia”, da igreja católica no
Jardim Ângela, São Paulo-SP declararam-se evangélicas. A pesquisadora decidiu
então tentar compreender melhor o universo simbólico religioso dessas mulheres
e como lidavam com a violência sofrida.
Ela observou que:
... as motivações mais frequentes para as mulheres
procurarem esses grupos religiosos [igrejas evangélicas] são: as desavenças
conjugais, os problemas financeiros e ou o desemprego do chefe de família, a depressão
ou o nervosismo feminino e os problemas de saúde de algum membro do grupo
doméstico. Tal ênfase no universo familiar tem levado vários autores a concluir
pela importância da” tensão doméstica “na formação da vida religiosa das
mulheres casadas. (...)
Para as mulheres, essas teologias vão de encontro
aos comportamentos desviantes de seus parceiros, cedendo lugar à resignação, à
abnegação; mudando a forma de conduta de seus parceiros diante da infidelidade
ou vícios relativos a drogas ou jogos. Após sua conversão, aprendem a agir com
‘sabedoria’ evitando discussões para ‘ganhar’ seu companheiro para Cristo,
quando então ele estaria liberto pelo Espírito Santo dos espíritos demoníacos.
Evidentemente, a
pesquisadora desconsidera completamente elementos transcendentais e metafísicos, como por exemplo, a conversão
espiritual destas mulheres, como elementos que explicam a religiosidade destas. Como a maioria dos pesquisadores existencialistas, ela fixa seu olhar nas causas ordinárias, de caráter socioeconômico, bem
tipicamente de identificação com ideologias marxistas. Não quero dizer com isto, ao emitir minha crítica, que estes fatores devam ser desprezados. Mas considerar somente estes é de alguma forma uma visão incompleta, preconceituosa, e assim, temos a impressão, de que a pesquisa em suas conclusões buscou atribuir a mulher evangélica agredida, um esteriótipo de mulher pouco inteligente, quase uma idiota, de baixa intelectualidade, que tenta esconder seus problemas conjugais e familiares atrás de uma fé supersticiosa e fanática. Com esse tipo de direcionamento genérico não podemos concordar.
Quem são estas mulheres?
Valéria informa que:
O perfil geral dos relatos de violência recebidos
pela Central revela que 93% das denúncias são feitas pela própria vítima, 43%
dos agressores são cônjuges das vítimas, 78% das vítimas possuem até dois
filhos, 70% das vítimas sofrem agressões diariamente, 41% dos agressores não
fazem uso de substâncias entorpecentes ou álcool, 36% das vítimas se percebem
em risco de morte e 33% das vítimas apresentam tempo de relação com o agressor
superior a dez anos. O índice de denunciantes revela que as mulheres vítimas de
violência doméstica e familiar estão tomando a iniciativa de denunciar e de
expor sua situação de vida a pessoas que não fazem parte de sua família. Por
mais doloroso que seja, esse procedimento representa a tentativa de a mulher
buscar seus direitos e de sair da condição de dominada.
Das pessoas que buscam a Central e informam suas
características pessoais, 93% são mulheres, 39,4% são negras, 58,8% têm entre
20 e 40 anos, 50,8% são casadas ou vivem em união estável com seus companheiros
e 25% possuem nível médio de escolaridade. Essas características delineiam o
perfil aproximado das brasileiras que sofrem violência e buscam informações
sobre como se protegerem.
De acordo com os dados do Plano Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) (IBGE, 2009), 43,1% das mulheres brasileiras já
foram vítimas de violência em sua própria residência. Entre os homens, esse
percentual é de 12,3%. Entre todas as mulheres agredidas no país, dentro e fora
de casa, 25,9% foram vítimas de seus cônjuges ou ex-cônjuges.
Independentemente da
visão existencialista feminista da autora da pesquisa, uma coisa, creio eu,
precisamos considerar e refletir: a violência contra mulheres, incluindo as
evangélicas, que necessariamente não estão imunes ao alcance das agressões, é
um fato comprovado. A luta contra violência doméstica de quaisquer espécies,
contra quem quer que seja, é uma luta de todos nós, seja crentes, católicos,
espiritas ou ateus.
fonte: http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1280156603_ARQUIVO_ValeriaCristinaVilhena.pdf
O sr. deixou de observar que foram os depoimentos das próprias mulheres que atribuíram à religiosidade dos maridos, a relação com a violência sofrida por elas. Isso de acordo com o trecho citado acima.
ResponderExcluirCaro Roberto, de fato o relatório da pesquisa menciona os depoimentos de algumas mulheres atribuindo a demônios e castigo divino o fato de sofrerem violência. Minha critica a autora da pesquisa reside no fato por mim observado de que ela generaliza, não abre espaço para outras hipóteses, e utiliza, como já disse, pressupostos nos quais discordo, como a ideologia (ou visão) de gênero, e visão restrita sociológica, com fortes influências marxista. Meu ponto é este. Grato por sua observação. Abraço!
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