BRUXARIA EVANGÉLICA - PODE ISSO ARNALDO?






Você cristão, provavelmente, já deve ter se deparado com frases tipo: “não toqueis no ungido do Senhor”, “quem não dá o dízimo é amaldiçoado pelo devorador”, “aquele que se levanta contra a decisão do pastor sofrerá terríveis castigos divinos”, etc. e tal. Ou deve ter recebido algum tipo de corrente pelo WhatsApp, Facebook, etc., tipo “se você não passar isso para 5, ou 10 amigos, algo de terrível vai acontecer na sua vida...”, ou “ se você não curtir não é de Deus, se curtir vai para o céu...”, e por aí vai. O que elas têm em comum? Todas de certa forma pretendem impingir na pessoa a quem é destinada o medo, o terror, o receio de que essa pessoa poderá se encontrar sob terrível maldição. E, mais, o que tais imprecações têm em comum com outras religiões, principalmente as religiões pagãs africanas e sul-americanas? Estas imprecações “evangélicas” são extremamente similares as imprecações de maldições e mau agouro feita por bruxos, feiticeiros, pais de santos, pajés, e outras formas de lideranças pagãs. 



Certa vez ouvi de uma pessoa que gostaria de se tornar membro de nossa igreja, que seu pastor atual lhe disse que se ela saísse daquele “ministério” nada mais na vida dela daria certo, porque ela estaria em rebelião contra Deus, contra o “ungido do Senhor” (ele é claro!), e perderia a “proteção” espiritual de seu líder, o pajé daquela “tribo gospel”. Existe então uma espécie de relacionamento doentio e patológico estabelecido entre as partes. Dominador e dominado. Isso, fica óbvio, parece mais com bruxaria do que orientação pastoral bíblica.


Mas não é de se admirar que isso ocorra diariamente na vida de muitos crentes dependentes, subservientes. De onde vem isso? Do ensino das Escrituras é que não é. Não existe base bíblica que possa justificar tais procedimentos intimidatórios por parte de pastores, bispos, apóstolos ou paipóstolos (acredite! Já inventaram isso também). Ao contrário, a Escritura afirma “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. ” (João 8.36). Ou seja, Cristo nos libertou para sermos livres para obedecer a sua Palavra. A autoridade dos líderes espirituais reside não neles, mas na Palavra de Deus. Um pastor que ensina algo que não está prescrito nas Escrituras, não têm autoridade para exigir nada! 

O cristão não deve seguir cegamente seu pastor, porque ele pode estar errado naquilo que exige deste membro. Sobre as imprecações de maldições sobre os cristãos para que sejam fieis nos dízimos e ofertas, por exemplo, o texto clássico sempre citado é de Malaquias 3.8-9, que diz “Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda.”. Acontece que muito se força a exegese deste texto para atingir o objetivo de obrigar a pessoa a entregar dinheiro a igreja, usando e abusando desta passagem, sem levar em consideração o seu contexto imediato, e seu contexto histórico-gramatical. Não estou aqui defendendo a ideia que a entrega do dízimo não é bíblica, não se trata disto. Mas, defendo que este texto vem sendo usado para impingir medo de maldições as pessoas, constrangendo-as a sacrificarem seus recursos para satisfazer o desejo de enriquecimento de muitos caciques e pajés gospeis. O apóstolo Paulo quando quis tratar diretamente das contribuições dos crentes da igreja de Corinto, afirmou: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. ” (II Co 9.7). Ou seja, na dispensação da nova aliança em Jesus Cristo, trata-se de um privilégio do crente contribuir voluntaria e alegremente com a manutenção da obra de Deus. Não deve fazer isso por medo das ameaças de maldições do seu pastor, ou líder, mas deve fazê-lo, caso queira, por amor a obra de Deus, com uma consciência livre. 

Mas, outra pergunta ajuda-nos a refletir porque acontece essas ameaças de pragas evangélicas sobre os crentes. Por que a igreja evangélica brasileira, via de regra, é tão suscetível a essas maldições, maus agouros, pragas, imprecações de males? Acredito que a resposta se encontra nas raízes religiosas supersticiosas do povo brasileiro. Principalmente, na herança das religiões africanas e latino americanas, onde a pratica de bruxaria, feitiçaria, esoterismo, etc, é comum. Vejam, por exemplo, que a pratica litúrgica, principalmente neopentecostal ou neocarismática é muito dada a campanhas, correntes, unções com óleo de pessoas ou objeto e coisas, cultos da revelação, consultas ao “Espírito Santo” (que nada mais é do que tentativa de adivinhação), cultos de línguas estranhas (muito parecido com rituais africanos de catarse), interpretação de sonhos e visões, danças litúrgicas (que lembra muito a liturgia dos cultos animistas indígenas), cultos de “descarregos” ou quebra de maldições hereditárias (bem semelhante a prática de magia branca africana), jejuns e orações em terrenos sagrados (montes, por exemplo). Essas práticas litúrgicas espirituais, afirmo novamente, não encontram prescrição bíblica que as sustentem. A Escritura afirma que Deus só aceita o culto feito em espírito e em verdade (João 4.23), com ordem e decência (1Co 14.40). O princípio regulador do culto nos ensina que tudo aquilo que não está prescrito é proibido, não deve ser feito. 

Caro leitor, se o pastor de sua igreja anda te rogando maldições e pragas, conforme descrevemos aqui, deixe essa igreja, não siga este líder, ele não é um verdadeiro pastor, ele é um “bruxo evangélico”! Lembre-se: 

Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. (...) Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. 

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele [Jesus] que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca. 
(1Jo 4.1, 4; 5.18)

        

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