PODE-SE ORDENAR MULHERES PARA LIDERANÇA DA IGREJA?
UMA ANÁLISE REFORMADA SOBRE OS TEXTOS USADOS PARA DEFESA DA ORDENAÇÃO FEMININA
Um dos movimentos que mais
avançam na igreja cristã no mundo, e também no Brasil, é o “feminismo cristão”.
Igrejas históricas, outrora ortodoxas, têm se rendido cada vez mais à prática
heterodoxa de ordenar mulheres para desempenho de funções de liderança na
igreja. O argumento principal continua sendo sociológico-antropológico, em que
se reivindica a igualdade de gênero partindo do princípio da modernidade de que
mulheres cada vez mais vêm ocupando papéis de destaque na sociedade em todas as
áreas: política, esportes, trabalho, educação, cultura e lar.
E quando se pensa em fundamentos teológicos e bíblicos para
justificar a ordenação feminina, a coisa fica complexa. O que podemos aprender
com nossa única regra de fé e prática, a Bíblia, sobre o tema? Propomos abaixo
analisar algumas passagens bíblicas chaves para a compreensão deste assunto
polêmico, porém altamente pertinente para determinar uma eclesiologia bíblica e
saudável.
Romanos
16.7
Saudai Andrônico e Júnias, meus parentes e companheiros de prisão, os
quais são notáveis entre os apóstolos e estavam em Cristo antes de mim. (ARA)
Os defensores da ordenação feminina têm buscado
apoio nesse texto específico para demonstrar que existiram apóstolas na
igreja do Novo Testamento. Consideram que “Júnias” era um nome feminino[1],
e que a expressão “são notáveis entre os apóstolos” pode ser interpretada como
que tal pessoa era um deles.
Quanto à primeira assertiva de que “Júnias” era uma
mulher, o Dr. Augustus Nicodemus defende a ideia de que as variantes do grego (Iouniân, Ioulían) não
permitem afirmar com certeza se era feminino ou masculino. “O problema é que
não sabemos em que gênero Paulo o usou em Romanos 16.7.”[2] (LOPES,
1997, p. 13). Hendricksen é categórico: “A continuação, que pode ser traduzida
‘homens notáveis entre os apóstolos’ (RSV), favorece a conclusão de que ambos
eram homens.” (HENDRICKSEN, 2011, P. 634).
Ademais, a expressão “notáveis entre os apóstolos” pode
ser interpretada, como querem os igualitaristas, como se fosse o sujeito da
frase um apóstolo também?[3] Justiça
seja feita, em relação a isso, Augustus Nicodemus defende a ideia de que
“gramaticalmente, tanto pode indicar que Andrônio e Júnias eram apóstolos,
quanto que eram tidos em alto apreço pelos apóstolos.” (LOPES, p. 15). Como
descobrir então qual o sentido é o verdadeiro? Buscando conhecer melhor a etimologia
da palavra “apóstolo” e seu significado teológico.
A palavra apóstolo no Novo
Testamento é usada, não somente para os doze, para Paulo, e para algumas
pessoas associadas a ele [delegados apostólicos], como Barnabé, Silas e Timóteo
(cf. Atos 14.14; 1 Tess. 2.6), mas também para mensageiros e enviados (este é o
sentido primário da palavra grega apóstolos) de igrejas locais, como Epafrodito
(Fil 2.25) e uns irmãos mencionados em 2 Coríntios 8.23. Estes não parecem
exercer governo ou autoridade sobre as igrejas locais, eram simplesmente
enviados por elas. Portanto, se Andrônico e Júnias eram apóstolos, deveriam
pertencer a este tipo de mensageiros das igrejas locais; antes, eram enviados
por elas para desempenhar diferentes funções como representantes ou emissários.
(LOPES, p. 15).
Quem quer que tenha sido Júnias,
a única coisa que se pode falar com absoluta certeza é que essa pessoa, seja
homem ou mulher, era alguém considerado de alta conta pelo apóstolo Paulo, e que
esses homens, Andrônico e Júnias, foram
instrumentos de Deus na igreja de Jesus Cristo, tendo abraçado a fé antes
mesmo de Paulo. (HENDRICKSEN, p. 634). Qualquer inferência maior a seu respeito
carece de provas e maiores evidências.
Gálatas 3.28
Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. (ARA)
Este verso de Gálatas tem sido usado, talvez como a
principal passagem, para defender a igualdade de função eclesiástica entre
homens e mulheres. Os defensores da igualdade que emancipa a mulher
habilitando-a ao ministério da Palavra, a ordenação para o episcopado,
sustentam a tese de que esse texto iguala homem e mulher, e desta forma, abole
qualquer lei de subordinação feminina à autoridade masculina. Quanto a isto,
explica Augustus Nicodemus:
... A abolição das diferenças
mencionadas no versículo em questão (3:28) são em relação à justificação pela
fé. (...) O assunto de Paulo, portanto, não são as funções que homens e
mulheres desempenham na Igreja de Cristo, mas a posição que todos os que creem
desfrutam diante de Deus, isto é, herdeiros de Abraão e filhos de Deus. (LOPES,
1997, p. 19).
Desta forma a igualdade anunciada em Gálatas
3.28 é quanto à posição[4] diante
da doutrina da justificação (GUTHRIE, 1984, p. 140), que é a temática
predominante da epístola, em que Paulo está combatendo a heresia judaizante
dentro daquela comunidade de salvos.
“Um” na presente passagem não significa igual, e
sim unidade. “Se Paulo quisesse enfatizar igualdade ele poderia ter usado
palavras como “igual” (no grego, isos) ou “igualdade” (Isotes)”.
(LOPES, p.21). Todos são um em Cristo, porque todos são pecadores, e todos os
que creram foram justificados unindo-se a Cristo, formando a unidade, que não
permite acepção de pessoas mais por classe, sexo e etnia. (HENDRICKSEN, 2009, p.
183.).
Em resposta à reivindicação dos feministas bíblicos
de que Gálatas 3.28 é uma correção do efeito imediato da Queda[5] que
levou a mulher a se tornar submissa ao homem, e somente por isso ela é
submissa, cremos que é grave equívoco considerar que Paulo está aqui ensinando
“que Cristo já aboliu na presente era, total e plenamente, os efeitos do pecado
e os castigos impostos por Deus ao homem e à mulher, quando originalmente
pecaram.” (LOPES, p. 21). Augustus Nicodemus argumenta que se tal passagem
contivesse esse princípio de ensino então deveríamos considerar também que, de
igual forma, em Cristo a mulher está livre das dores do parto e o homem não
precisaria trabalhar com fadiga para obter seu sustento. (LOPES, p. 22).
A plena redenção destas coisas, e
das demais que ainda afligem os cristãos, homens e mulheres, ocorrerão
plenamente na parousia, quando o Senhor Jesus trouxer em plenitude
o reino de Deus. (LOPES, p. 22).
Atos 2.16-18
Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre
toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão
visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas
servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão. (ARA)
Atos 2.16-18 também é muito utilizado pelos
defensores da ordenação feminina para defender a ordenação feminina ao
ministério de liderança da igreja. Consideram que no sermão de Pedro, com base
na profecia de Joel, os termos “filhas” e “servas” profetizando, recebendo o
derramamento do Espírito, tal como os homens, reivindica autoridade para
afirmar que mulheres podem ser oficiais, presbíteras, pastoras, líderes de
igreja, visto que no Novo Testamento a profecia equivale ao ofício da pregação.[6]
Destarte, este argumento é por demais frágil.
Partimos do princípio que se, de fato, Pedro, ao pregar sobre esse texto,
introduzia um novo costume de legar às mulheres igualdade em relação aos homens
para o governo da igreja, por que no período da igreja apostólica não há
nenhuma menção no Novo Testamento, nem na história da igreja, de apóstolas,
presbíteras, pastoras e bispas? Nos textos normativos sobre as qualificações
dos presbíteros (1 Tm 3.1-7 e Tito 1.5-9) não existe absolutamente nenhuma
indicação de que Paulo tinha outra ideia, senão homens exclusivamente para o
oficialato eclesiástico. “O oficial deve ser marido de uma só
esposa, deve governar bem a sua casa e seus filhos (função do
homem, nos escritos de Paulo, cf. Efésios 5.22-24)”.
Augustus Nicodemus lista pelo menos três
considerações sobre essa passagem e a ordenação feminina:
(1) Os fenômenos associados por
Joel e Pedro ao derramamento do Espírito nos últimos dias, como profecia,
sonhos e visões, e que são ditos que seriam concedidos às mulheres, não estão
ligados no Novo Testamento ao presbiterato ou pastorado, e, portanto, poderiam
ocorrer sem que as pessoas envolvidas (homens ou mulheres) fossem ordenadas.
(2) Havia profetizas na igreja
apostólica, como as quatro filhas de Felipe (Atos 21.9; cf. 1 Co 11.5), mas não
lemos que eram presbíteras ou pastoras.
(3) Embora não lemos no Novo
Testamento de mulheres tendo visões ou sonhos em decorrência do derramamento do
Espírito (e nem de homens, diga-se também), não é impossível que haja
acontecido; todavia, neste caso, com certeza, não estava restrito a pastores e
presbíteros. (LOPES, p. 26).
Considerar que a recepção dos dons espirituais
habilita as mulheres a estar em pé de igualdade com homens para serem ordenadas
é uma suposição sem apoio bíblico. “Se o dom profético daria às mulheres
igualdade com os homens nas funções litúrgicas, por que exigir-lhes que orem e
profetizem com a cabeça coberta, expressão cultural de que estavam debaixo de
autoridade? (1 Co 11.3-15).” (LOPES, p. 27).
Passagens examinadas até aqui (Rm, Gl 3.28; At
2.1-4) não sustentam a tese defendida pelos igualitaristas para defender a
ordenação feminina. Demonstra, sim, que as mulheres cristãs, juntamente com os
homens, participam da graça de Deus e dos dons do Espírito, sem restrições,
sem, contudo, apontar para a ordenação ao ministério ou ao presbiterato.
TEXTOS BÍBLICOS EMPREGADOS PARA DEFENDER A
DISTINÇÃO DE PAPÉIS ENTRE HOMENS E MULHERES NA ECLESIOLOGIA CRISTÃ
A fundamentação bíblica para a não ordenação de
mulheres para a liderança da Igreja do Senhor pode ser mais bem desenvolvida a
partir dos próximos textos.
1 Coríntios 11. 3-16
Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o
homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo. Todo homem que ora ou profetiza, tendo a
cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.
Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a
sua própria cabeça, porque é como se a tivesse rapada. Portanto, se a mulher não usa véu, nesse
caso, que rape o cabelo. Mas, se lhe é vergonhoso o tosquiar-se ou rapar-se,
cumpre-lhe usar véu. Porque, na verdade,
o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a
mulher é glória do homem. Porque o homem
não foi feito da mulher, e sim a mulher, do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem. Portanto, deve a mulher, por causa dos anjos,
trazer véu na cabeça, como sinal de autoridade.
No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem,
independente da mulher. Porque, como
provém a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem
de Deus. Julgai entre vós mesmos: é
próprio que a mulher ore a Deus sem trazer o véu? Ou não vos ensina a própria natureza ser
desonroso para o homem usar cabelo comprido?
E que, tratando-se da mulher, é para ela uma glória? Pois o cabelo lhe
foi dado em lugar de mantilha. Contudo,
se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as
igrejas de Deus. (ARA)
Esta passagem aborda um levante feminista que
estava ocorrendo no seio da igreja de Corinto. Mulheres estavam orando e
profetizando (provavelmente em línguas) com a cabeça descoberta, isto é, sem o
véu, contrariando os costumes das igrejas cristãs primitivas (1 Co 11.3-16). O
tema específico deste capítulo é o culto público. (MORRIS, 2006, p. 122.).
Augustus Nicodemus reconhece a dificuldade de interpretação deste texto,
contudo, enumera os pontos principais do ensino paulino na passagem. (LOPES, p.
30).
(1) Algumas mulheres, equivocadamente, estavam
interpretando o ensino do evangelho apresentado por Paulo, entendendo que não
somente diferenças raciais, mas qualquer restrição para função na igreja, haviam
sido removidas, igualando homens e mulheres. O uso do véu, como sinal de
submissão à autoridade, então não teria mais sentido, podendo ser removido. Com
isso, em plena desobediência, elas estavam quebrando uma convenção social e
tentando impor um costume estranho ao culto público. (MORRIS, p. 121).
(2) Paulo não nega o direito de a mulher participar
do culto público, mas insiste que elas devam fazê-lo trajando o véu, sinal de
autoridade (MORRIS, p. 122), preservando a tradição, não provocando dissensão
ou escândalo. O princípio estabelecido é a preservação do sinal de que mulheres
estão debaixo da autoridade eclesiástica masculina. Uma questão de honra.
(MORRIS).
Noutras palavras, embora Paulo
permita que a mulher profetize e ore no culto público, ele requer dela que se
apresente de forma a deixar claro que está debaixo de autoridade, no próprio
ato de profetizar ou orar. (LOPES, p. 32.).
A estrutura do argumento de Paulo é teológica. Cristo está sujeito ao Pai, o
homem está sujeito a Cristo, a mulher está sujeita ao homem. Evidentemente não
é uma subordinação ontológica, o que seria uma heresia considerar que o Pai é
superior ao Filho em seu ser. De igual forma, o homem não é superior à mulher
no seu ser. Ser o cabeça significa então exercer uma liderança econômica, ou
seja, na função, desta forma, a hierarquia funcional começa na Trindade e
continua na Igreja e na família. Cristo não se torna menor que o Pai ao
submeter-se à sua liderança, assim como é preconceituoso achar que a mulher se
inferioriza ao considerar a liderança masculina sobre si. Cristo é a glória do
Pai[7],
a igreja é a glória de Cristo, e a mulher é a glória do homem.[8] [9]
Em várias ocasiões o Novo
Testamento determina que os crentes se sujeitem às autoridades civis (Rm
13.1-5; 1 Pe 2.13-17). Em nenhum momento, entretanto, este mandamento implica
que os crentes são inferiores ou têm menos valor que os governantes. Igualmente
os filhos não são inferiores aos seus pais, simplesmente porque devem
submeter-se à liderança deles (Ef 6.1). O conceito de subordinação de uns a
outros tem a ver apenas com a maneira pela qual Deus estruturou e ordenou a
sociedade, a família e a Igreja. (LOPES, p. 33).
Paulo se serve ainda da doutrina da Criação para
explicitar o argumento de que a mulher é a glória do homem (e, portanto, a ele
subordinada, as esposas a seus maridos, e a mulher em geral à autoridade dos
homens na igreja de Cristo[10]).
Versos 8 e 9. A partir da compreensão dos detalhes da Criação, o apóstolo
consegue visualizar uma ordenação divina quanto aos diferentes papéis do homem
e da mulher. A intenção divina em subordinar a mulher à liderança de seu marido
deveria ser refletida também no culto, onde a mulher deveria participar de
maneira condizente com a vontade revelada de Deus, com modéstia[11] e
decoro. (CALVINO, 2003, P. 332.).
Se a mulher está debaixo da
autoridade eclesiástica exercida pelo homem ao participar do culto, não pode
exercê-la sobre ele. Ser ordenada como presbítera ou pastora implicaria que ela
poderia ensinar aos homens com a autoridade que o oficio empresta, e participar
do governo da igreja, exercendo autoridade sobre os homens crentes. Isso
contraria frontalmente o princípio ensinado por Paulo na passagem. (LOPES, p.
34).
Quando Paulo chama a atenção da igreja em Corinto
para a quebra do decoro, ele não está pensando somente em uma convenção social,
mas no estabelecimento de um princípio a partir disto, que é contra o ensino
bíblico sobre a ordem do Culto, e o governo da igreja. Calvino entendia que o
fato de Paulo dizer que a mulher não deve profetizar de cabeça descoberta não
referenda uma prática[12].
“A mulher não tem o direito de profetizar, nem mesmo com suas cabeças
cobertas”. (CALVINO, p. 333.)
1 Coríntios 14.33-38
Como em todas as igrejas dos santos, conservem-se as mulheres caladas
nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como
também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma coisa, interroguem,
em casa, a seu próprio marido; porque para a mulher é vergonhoso falar na
igreja. Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente
para vós outros? Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser
mandamento do Senhor o que vos escrevo. E, se alguém o ignorar, será ignorado.
(ARA)
Que tipo de restrição Paulo tinha em mente quando
escreveu que as mulheres fiquem em silêncio na igreja? Augustus Nicodemus
entende que não se trata de uma restrição absoluta, reduzindo as mulheres ao
silêncio total. (LOPES, 1997, p. 42). Compreende ainda que elas podiam falar no
culto (cf. v. 29), mas não deveriam questionar publicamente, ou ensinar, os
profetas homens. Ele vê elementos, principalmente em 1 Coríntios
11.5, que permitem dizer que as mulheres “poderiam orar e profetizar durante as
reuniões, desde que se apresentassem de forma própria, refletindo que estavam
debaixo da autoridade masculina”. (LOPES, 42.). Calvino, contudo, era
radicalmente contrário a essa ideia. Para o reformador era totalmente
incompatível submissão e ensino feminino, seja por meio de orações ou profecias
no culto público.[13] (CALVINO,
2003, p. 444-45).
A aplicação desse texto nos dias de hoje talvez
seja um dos maiores desafios no que diz respeito à sua contextualização.
Questões de ordem podem ser levantadas, tais como, se o princípio bíblico
estabelece a restrição total para qualquer tipo de ensino ou pregação por parte
de mulheres no culto público, então, seria legítimo e coerente, permitir que
mulheres ensinem em classes de Escola Bíblica Dominical, participem da Educação
Cristã de crianças, exerçam liderança, presidindo ou sendo conselheiras em
sociedade interna para público masculino (UMP e UPA’s), e assim em diante? Ou
bastaria que elas fossem supervisionadas sob a liderança de um homem?
1 Timóteo 2.11-15
A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a
mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.
Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. E Adão não foi iludido, mas a
mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia, será preservada através
de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom
senso. (ARA)
Esta é, provavelmente, a passagem mais importante
para a discussão sobre o ministério feminino ordenado[14] (LOPES,
p. 45.). Paulo, ao escrever ao jovem pastor Timóteo, que cuidava da igreja em
Éfeso, procurava orientá-lo como proceder para corrigir a tentativa de
introdução de heresias por parte de falsos mestres infiltrados na igreja. Eles
semeavam dissensões, trivialidades, a prática do ascetismo como forma de
atingir uma espiritualidade superior, abstinências de várias coisas.
Provavelmente, as mulheres poderiam estar sendo seduzidas a seguir tais
ensinos, o que explicaria o fato aparente de uma espécie de insurreição
feminina. (LOPES, p. 46-47). Paulo usos palavras fortes para adjetivar tais
ensinos. “Ensinos de demônios”. (1 Tm 4.1-2). Desta forma, ele regulamenta, e é
neste contexto que emite ordem proibindo que mulheres ensinassem na igreja.
Ensinar, no Novo Testamento é uma
atividade bem ampla. (...) Nas Epístolas Pastorais, ensinar sempre temo sentido
restrito de instrução doutrinaria autoritativa, feita com o peso da autoridade
oficial dos pastores e presbíteros. (...)
... Paulo não está proibindo todo
e qualquer tipo de ensino por mulheres na igreja. (...) O ensinar que Paulo
proíbe é aquele em que a mulher assume uma posição de autoridade eclesiástica
sobre o homem. (LOPES, 1997, p. 49-50).
Desta forma, se na proibição de ensinar está
circunscrita a ideia de ensinar assumindo posição de autoridade eclesiástica,
logo, por causa disso, exclui-se qualquer possibilidade de ordenação de
presbíteras e pastoras. O governo feminino não encontra sustentação bíblica
(LOPES, p. 51). “A mulher não deve entrar na esfera de atividade para a qual a
força de sua própria criação não é apta. (...) Por amor a ela e para o
bem-estar espiritual da igreja, proíbe-se essa pecaminosa intromissão na
autoridade divina”. (HENDRIKSEN, 2011, p. 140).
Alguns intérpretes, tentando adequar a um vezo
cultural da época[15],
tentam interpretar a orientação paulina reduzindo o campo de ação desta ordem à
esfera do casamento, como se o preceito de não poder ensinar fosse
aplicado apenas no contexto da subversão de autoridade no casamento[16].
Quanto a isso, Augustus Nicodemus nos informa:
Como observa Douglas Moo, se
Paulo desejasse se referir a maridos, teria usado um artigo definido ou um
pronome possessivo antes de aner. Nesse caso, a frase ficaria
assim: “Não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre seu
marido”, como fez em Efésios 5.22; cf. Col 3.18. (LOPES, p. 52).
Outra tese que tem sido proposta, embasada por um
espírito liberal, é que não foi Paulo o autor das Epístolas Pastorais, e sim um
admirador de Paulo, que é chamado de “Paulinista”. Este, então, teria deturpado
o ensino de Paulo, escrevendo de forma contrária ao pensamento original do
apóstolo, condenando as mulheres e reduzindo-as ao silêncio. Interessante, que
para chegar a essa conclusão, tais intérpretes liberais precisam rejeitar,
igualmente, passagens como 1 Coríntios 11.2-16 e 14.34-35. O contorcionismo
exegético não tem fim para atingir o objetivo de retaliar a Bíblia a fim de
condicionar propostas teológicas à harmonia dos tempos de uma cultura moderna.
(LOPES, p. 53-54).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por que a Igreja Presbiteriana do Brasil não ordena
mulheres? Porque
não é bíblico e, não sendo bíblico, fere o princípio regulador do culto, fere a
confessionalidade da igreja, direcionando-a ao erro, à heresia, à impureza e à destruição.
Se o fizesse traria sobre si mesma, e sobre as mulheres membros que fossem
ordenadas, o justo juízo de Deus. Historicamente, todas as denominações cristãs
evangélicas que sucumbiram ao apelo dos tempos, de uma cultura moderna,
pressionadas pela sociologia e antropologia, fizeram ruir os fundamentos firmes
que as sustentavam. Depois da ordenação feminina, a ordenação de gays e
lésbicas fica a poucos centímetros de distância.
Aqueles que insistem na tese equivocada de afirmar
que os escritos de Paulo foram direcionados exclusivamente a situações locais,
de um tempo determinado, incorrem em grave ofensa à doutrina da infabilidade e
inerrância da Bíblia. Sobre isso, afirma Augustus Nicodemus:
Quase que todos os livros do Novo
Testamento foram escritos em resposta a uma situação especifica de uma ou mais
comunidades cristãs do século I, e nem por isso intérpretes igualitaristas
defendem que nada do Novo Testamento e aplica às igrejas cristãs de hoje. (...)
O ponto é que existem princípios
e verdades permanentes que foram expressos para atender a questões locais,
culturais e passageiras. Passam as circunstâncias históricas, mas o princípio
teológico permanece. Assim, o comportamento inadequado das mulheres de Corinto
e de Éfeso, e as heresias que a provocaram, cessaram historicamente, contudo
os princípios aplicados por Paulo para resolver os problemas
causados por essas heresias permanecem válidos. (LOPES, p. 56).
O Rev. Ludgero Bonilha, em artigo publicado no Jornal Brasil Presbiteriano, como
resposta à entrevista dada pelo Rev. Waldir Carvalho Luz à revista Ultimato, em
que este defende a ordenação feminina, apesar de admitir que não existe
sustentação bíblica para isso, diz que:
Era parte daquela cultura que as
mulheres exercessem liderança espiritual sobre os homens. Veja o grito das
mulheres no boicote ao véu ali na Igreja de Corinto. As sacerdotisas nos
templos pagãos eram mulheres, as divindades adoradas eram mulheres, como a
“deusa Diana dos Efésios” e tantas outras. Grande parte dos crentes da Igreja
de Corinto, como de outras na Ásia Menor, eram egressos do paganismo. Paulo
falava num contexto cultural pagão e sua ordem não foi uma adaptação cultural,
pelo contrário, ele levantou-se contra uma cultura vigente. O Cristianismo e o
Judaísmo levantaram-se contra uma cultura feminista e pagã. (MORAIS)[17]
A Comissão Executiva da Igreja Presbiteriana do
Brasil já firmou posição sobre a matéria parecida[18]:
SUBCOMISSÃO IX - CONSULTAS E
OUTROS PAPÉIS II - CE-SC/IPB-2012 - DOC.CLIX - Quanto ao documento 182 -
Oriundo do(a): Sínodo Central Espírito-Santense - Ementa: Consulta sobre
mulheres pregando no culto Público. A CE-SC/IPB - 2012 RESOLVE: Declarar que
não há impedimento bíblico para que, em ocasiões ou situações especiais, mulheres
preguem, sob a autoridade do pastor, que é o responsável pela docência da
Igreja nos termos constitucionais.
SUBCOMISSÃO IX - Consultas e
Outros Papéis II - CE-SC/IPB-2013 - DOC.XXXVII - Quanto ao documento
051 - Oriundo do(a): Sínodo Brasília - Ementa: Pedido de anulação da Resolução
CE-SC/IPB 2012, Doc. CLIX - Consulta sobre mulheres pregando no culto público e
apreciação da matéria pelo SC/IPB 2014. Considerando: 1. Que o trabalho da
mulher acha-se presente na Igreja, inclusive como missionárias e irmãs piedosas
e altamente preparadas, cooperando com a pregação da Palavra,
principalmente em igrejas menores, congregações e campos missionários; 2.
Que declarar o impedimento das mulheres como pregadoras, seria olvidar a
importantíssima contribuição que elas conferem ao desenvolvimento da
Igreja 3. Que a CE-SC-2012, não legislou a respeito do assunto,
limitando-se a esclarecer algo que tem cooperado com o desenvolvimento da
Igreja, respondendo à consulta formulada; A CE-SC/IPB - 2013 RESOLVE: Não dar
provimento à solicitação.
Finalmente, o fato de não se poder, conforme demonstramos fartamente com apoio
das Escrituras, ordenar mulheres, não significa que elas não gozem de apreço,
honra e dignidade. Mulheres cristãs piedosas têm sido uma grande bênção no
decorrer da história da igreja. Elas apoiaram seus maridos, criaram filhos
piedosos, exerceram o ministério de intercessão, misericórdia, hospitalidade, e
cooperaram significativamente para o crescimento da igreja. Muitas se dedicaram
à música sacra, compuseram hinos, serviram como instrumentistas no culto
público, agregaram valor ao ministério da igreja. Não é preciso um ofício
apócrifo para validar a utilidade das mulheres na igreja do Senhor, basta-lhes
cumprirem sua vocação natural, conforme prescrita nas Escrituras e serão
bem-aventuradas, juntamente com os homens, nas lides da proclamação do
Evangelho de nosso Senhor.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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– Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 219.
2. CALVINO,
João. 1 Coríntios. Trad. Valter Graciano Martins. São
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3. ___________. Gálatas.
Trad. Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Parakletos, 1998.
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Trad. Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Parakletos, 1998.
5. DORIANI, Dan. Mulheres
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10. ___________. Comentário do Novo
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11. ___________. Comentário do Novo
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12. HODGE, Charles. Comentário de I
Coríntios. Barcelona, ES: El Estandart de La Verdad, 1996.
13. KELLY, J. N. D. I e II Timóteo e
Tito – Introdução e Comentário. Trad. Gordon Chown. São Paulo:
Edições Vida Nova, 2006.
14. KISTEMAKER, Simon. Comentário do
Novo Testamento – 1 Coríntios. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2004.
15. ___________. Comentário do Novo
Testamento – Atos, volume 1. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.
16. LOPES, Augustus Nicodemus. Ordenação
de Mulheres – Que diz o Novo Testamento? São Paulo: Publicações
Evangélicas Selecionadas, 1997.
17. MARSHALL, I. Howard. Atos –
Introdução e Comentário. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida
Nova, 2006.
18. MURRAY, John. Romanos. São
José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2012.
[1] Leenhard informa que Júnias
poderia ter sido esposa de Andrônico, tese considerada improvável por grande
parte de outros comentaristas. LEEHARDT, F.J. Epístola aos Romanos –
comentário exegético. Trad. Waldyr Carvalho Luz. São Paulo: Aste,
1957, p. 389.
[2] Se tivermos que tomar uma
decisão, devemos dar mais peso à palavra de Epifânio, porque ele sabe mais
sobre Júnias do que Crisóstomo[2], já que informa que Júnias se
tornou bispo de Apameia. Concorda com isso o testemunho de Orígenes (morto em
252 d. C.), que numa alusão em latim à Epístola aos Romanos se refere a Júnias no
masculino. (LOPES, p.13).
[3] Quanto à cláusula “notáveis
entre os apóstolos”, Leehnardt entende que “não é preciso torcer o sentido para
salvar a ideia dogmática de um apostolado fechado”. Provavelmente, Andrônico e
Júnias foram da primeira geração de crentes que viram o Senhor, e, portanto,
possuem um chamado apostólico como portadores de uma mensagem da ressurreição.
(LEEHNARDT, 1969, p. 389). Posição reafirmada por F.F. Bruce: “Pode ser que
tenham tido direito ao apostolado com base no fato de terem visto o Cristo
ressurreto.” (BRUCE, 1979, p.219). John Murray assume outra posição. Ele
acredita que “visto que nos escritos de Paulo tal vocábulo usualmente possui um
significado mais estrito, é mais provável a cláusula significar que aquelas
duas pessoas eram bem conhecidas entre os apóstolos, distinguindo-se por sua fé
e serviço. (...) Eles se tornaram cristãos antes de Paulo, estavam associados
ao circulo de apóstolos da Judéia.” (MURRAY, 2012, p. 592.)
[4] Calvino, comentando 1
Coríntios 11.3, expressa a mesma opinião paralela a Gálatas 3.28: “Quando Paulo
diz que não há diferença entre homem e mulher, ele está falando do reino
espiritual de Cristo, onde as características externas [personae]
não são levadas em conta, pois esse reino não tem nada a ver com o corpo
[material], nada a ver com as relações físicas e reciprocas do homem [ad
externam hominum societatem]; assim, toda sua preocupação gira em
torno do espírito.” (CALVINO< 2003, p. 331).
[5] Uma outra dificuldade com a
interpretação igualitarista é que parece ignorar que Paulo, às vezes, enraíza a
subordinação feminina, não na Queda, mas já na própria Criação, como por
exemplo, em 1 Coríntios 11.7-10 e 1 Timóteo 2.12-15. (LOPES, 19-20).
[6] “Qual o significado do
verbo profetizar? Nos cenários do Antigo Testamento, ele traz a
conotação de predizer o futuro. No acontecimento do Pentecostes, a previsão do
futuro não está evidente. Uma outra intepretação é a de que profetizar é
equivalente a pregar. E, por fim, ‘profetizar pode significar engajar-se em
louvor a Deus (veja 1Cr 25.3)’. (...) Na igreja primitiva, os profetas
instruíam e exortavam o povo de Deus.” (KISTEMAKER, 2006, P. 126).
Morris, concordando, diz: “Profecia é fala inspirada. (...)
Todavia, a ênfase [no NT] não é a predição, mas a exposição do que Deus disse.”
(MORRIS, 2006, p. 138.).
[7] Assim creu Calvino: “...
Deus, pois, mantém a preeminência; Cristo mantem o segundo plano. Como assim? A
resposta é que ele se fez sujeito ao Pai, em nossa carne, porque, afora este
fato, sendo de uma só essência com o Pai, ele é igual ao Pai. (...) Meu ponto
de vista é que ele é inferior ao Pai em razão de ter-se vestido com nossa
natureza, de modo a tornar-se o Primogênito entre muitos irmãos.” (CALVINO,
2003, p. 331.).
[8] “A mulher tem o lugar que
lhe é próprio, mas não é o lugar do homem. Ela se mantém para com o homem em
tal relação como nenhuma outra coisa, e assim ela é chamada glória do
homem”. (MORRIS, P. 123.).
[9] “... a mulher é um
esplendido adorno na vida do homem. (...) a mulher foi criada com expresso
propósito de enriquecer sublimemente a vida do homem.” (CALVINO, p. 335).
[10] “Há quem inquira se Paulo
está fazendo referência somente à mulher casada, porquanto há aqueles que
restringem o que Paulo ensina aqui, com base no fato de que isso não diz
respeito às virgens, porquanto elas não estão sujeitas à autoridade de um
esposo. No entanto, isso não passa de um equivoco, porquanto a visão de Paulo
vai além, ou, seja, atinge a lei eterna de Deus, o qual criou o sexo feminino
sujeito à autoridade dos homens.” (CALVINO, 2003, P. 336).
[11] “E daqui podemos
aventurar-nos a uma conjetura provável de que as mulheres que possuíam uma
invejável cabelereira tinham o hábito de aparecer em público com a cabeça
descoberta com o fim de exibir sua beleza.” (CALVINO, 2003, P. 334.)
[12] Antecipando questionamentos
sobre a legitimidade de a mulher pregar no culto público, Calvino assim se
expressa: “A isso respondo, que, ao desaprovar o apóstolo uma coisa aqui, não
significa que está aprovando a outra, ali. Pois quando as censura de
profetizarem com a cabeça descoberta, ele não está absolutamente fazendo uma
concessão para profetizar, senão que está protelando a censura contra este erro
para outra passagem [cap. 14]. (...) o apostolo espera das mulheres esta
conduta modesta, não só no local onde toda a congregação se reúne, mas também
em qualquer outra das reuniões mais formais, seja de senhoras, seja de
senhores, como às vezes sucede em reuniões domésticas privadas. (CALVINO, 2003,
p. 334.).
[13] “Pois alguém dirá: ‘O que
as impede de ensinar, embora estejam em submissão? ’ Minha resposta é que a
tarefa de ensinar é uma função que pertence a alguém incumbido
da supervisão da Igreja, e é, por essa razão, inconsistente com a condição de
submissão. Pois,. Quão inconveniente seria para uma mulher, que vive em
sujeição a um dos membros, presidir. (...) ... se a mulher está em
submissão, ela está, pois, impedida de exercer autoridade para
ensinar em público. (...) A autoridade de ensinar, está excluída da função da mulher,
porque, caso ela venha a ensinar, logicamente se colocará acima de todos os
homens, embora ela devesse estar em submissão.” (CALVINO, 2003, p. 444-45).
[14] A limitação do escopo deste
trabalho não permite estender mais do que já foi estendido. Para um melhor
estudo desta passagem recomendamos a leitura do comentário de Calvino (CALVINO,
1988, pp. 73-79) e de Gordon Fee (FEE, 1994, pp. 80-86).
[15] Sobre isso, veja o que
afirma Hendriksen: “... essas diretrizes [o ensino bíblico] acerca do papel da
mulher em relação ao culto público se baseiam não numa condição temporal ou
circunstâncias contemporâneas, mas sobre dois fatos que têm significação para
todos os tempos, a saber: o fato da criação e o da entrada
do pecado.” (HENDRIKSEN, 2011, P. 140).
[16] Goordon Fee repudia essa
proposta. Comentando 1 Timóteo 2.9-12, diz ele: “Paulo volta-se a seguir para
as mulheres (sem o artigo definido, no grego, implicando um
contexto mais amplo do que meramente esposas)”, e ainda, “... Por causa do
exemplo de Adão e Eva, que se segue, muitas vezes se sugere que aqui ele se
dirige às esposas com vistas a seus maridos. Mas a implicação da palavra toda talvez
tenha em vista uma frente maior, que inclua a conduta das viúvas mais moças e o
andar elas (‘de casa em casa’ [igrejas-lares?]; e não somente ociosas mas...
falando o que não devem (5:13).” (FEE, 1988, p. 81, grifo do autor)
[17] Disponível em: http://www.executivaipb.com.br/site/decisoes_importantes/ordenacao_feminina.pdf, acessado em 08/04/2014.
[18] Há controvérsias sobre
isso, visto que muitos entendem que não é função da CE propor entendimento
sobre matéria nova, principalmente sobre doutrina e ordem do culto, mas que tal
consulta deveria ser encaminhada ao SC/IPB, que é o foro adequado para
normatizar e resolver questões como esta.
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