O AMOR QUE PERMANECE - MEDITANDO NOS SALMOS 136
O amor que Permanece
Exposição do Salmo 136
1 Rendei graças
ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.
2 Rendei graças ao Deus dos deuses, porque a sua misericórdia dura para sempre.
3 Rendei graças ao Senhor dos senhores, porque a sua misericórdia dura para sempre;
4 ao único que opera grandes maravilhas, porque a sua misericórdia dura para sempre;
5 àquele que com entendimento fez os céus, porque a sua misericórdia dura para sempre;
6 àquele que estendeu a terra sobre as águas, porque a sua misericórdia dura para sempre;
7 àquele que fez os grandes luminares, porque a sua misericórdia dura para sempre;
8 o sol para presidir o dia, porque a sua misericórdia dura para sempre;
9 a lua e as estrelas para presidirem a noite, porque a sua misericórdia dura para sempre;
10 àquele que feriu o Egito nos seus primogênitos, porque a sua misericórdia dura para sempre;
11 e tirou a Israel do meio deles, porque a sua misericórdia dura para sempre;
12 com mão poderosa e braço estendido, porque a sua misericórdia dura para sempre;
13 àquele que separou em duas partes o mar Vermelho, porque a sua misericórdia dura para sempre;
14 e por entre elas fez passar a Israel, porque a sua misericórdia dura para sempre;
15 mas precipitou no mar Vermelho a Faraó e ao seu exército, porque a sua misericórdia dura para sempre;
16 àquele que conduziu o seu povo pelo deserto, porque a sua misericórdia dura para sempre;
17 àquele que feriu grandes reis, porque a sua misericórdia dura para sempre;
18 e tirou a vida a famosos reis, porque a sua misericórdia dura para sempre;
19 a Seom, rei dos amorreus, porque a sua misericórdia dura para sempre;
20 e a Ogue, rei de Basã, porque a sua misericórdia dura para sempre;
21 cujas terras deu em herança, porque a sua misericórdia dura para sempre;
22 em herança a Israel, seu servo, porque a sua misericórdia dura para sempre;
23 a quem se lembrou de nós em nosso abatimento, porque a sua misericórdia dura para sempre;
24 e nos libertou dos nossos adversários, porque a sua misericórdia dura para sempre;
25 e dá alimento a toda carne, porque a sua misericórdia dura para sempre.
26 Oh! Tributai louvores ao Deus dos céus, porque a sua misericórdia dura para sempre.
2 Rendei graças ao Deus dos deuses, porque a sua misericórdia dura para sempre.
3 Rendei graças ao Senhor dos senhores, porque a sua misericórdia dura para sempre;
4 ao único que opera grandes maravilhas, porque a sua misericórdia dura para sempre;
5 àquele que com entendimento fez os céus, porque a sua misericórdia dura para sempre;
6 àquele que estendeu a terra sobre as águas, porque a sua misericórdia dura para sempre;
7 àquele que fez os grandes luminares, porque a sua misericórdia dura para sempre;
8 o sol para presidir o dia, porque a sua misericórdia dura para sempre;
9 a lua e as estrelas para presidirem a noite, porque a sua misericórdia dura para sempre;
10 àquele que feriu o Egito nos seus primogênitos, porque a sua misericórdia dura para sempre;
11 e tirou a Israel do meio deles, porque a sua misericórdia dura para sempre;
12 com mão poderosa e braço estendido, porque a sua misericórdia dura para sempre;
13 àquele que separou em duas partes o mar Vermelho, porque a sua misericórdia dura para sempre;
14 e por entre elas fez passar a Israel, porque a sua misericórdia dura para sempre;
15 mas precipitou no mar Vermelho a Faraó e ao seu exército, porque a sua misericórdia dura para sempre;
16 àquele que conduziu o seu povo pelo deserto, porque a sua misericórdia dura para sempre;
17 àquele que feriu grandes reis, porque a sua misericórdia dura para sempre;
18 e tirou a vida a famosos reis, porque a sua misericórdia dura para sempre;
19 a Seom, rei dos amorreus, porque a sua misericórdia dura para sempre;
20 e a Ogue, rei de Basã, porque a sua misericórdia dura para sempre;
21 cujas terras deu em herança, porque a sua misericórdia dura para sempre;
22 em herança a Israel, seu servo, porque a sua misericórdia dura para sempre;
23 a quem se lembrou de nós em nosso abatimento, porque a sua misericórdia dura para sempre;
24 e nos libertou dos nossos adversários, porque a sua misericórdia dura para sempre;
25 e dá alimento a toda carne, porque a sua misericórdia dura para sempre.
26 Oh! Tributai louvores ao Deus dos céus, porque a sua misericórdia dura para sempre.
O Salmo 136 é
considerado um cântico de ação
de graças.
Na tradição judaica, este salmo é frequentemente conhecido como o Grande Hallel
(“o Grande Salmo de Louvor”). Os judeus o recitam ao final do jantar pascal. (Cf. Sl 113; MT 26.30.)
Este Salmo tem
por objetivo recordar e
proclamar as grandes obras de Deus. As suas cinco
estrofes podem ser agrupadas em duas seções. Sendo a primeira, uma convocação para
adorar a Deus com base na obra da
criação (V. 1-9) e, a segunda, convoca-se a adorar a Deus
com base na sua obra redentiva, contada ao logo da história de seu povo (V. 10-26).
Este hino de
ação de graças parece grandemente com o Salmo 135 no conteúdo. Ele é,
entretanto, muito mais litúrgico, tendo um refrão antifonário que aparece em
cada versículo. A
constante repetição do mesmo estribilho ("porque para sempre é sua
misericórdia" ) faz pensar que na recitação do salmo se foram
alternando dois coros, ou um solista e um coro.
Esse estribilho
provavelmente era entoado pela congregação em resposta às sentenças cantadas
pelos levitas, ou então era entoado pelo coro de levitas em resposta ao canto
de um chantre (aquele que dirige os cânticos). Caso fosse removido o coro
repetido, restaria um curto salmo de louvor, que exalta a bondade do Senhor.
Esse é o tema principal: A bondade eterna de Deus.
Há cinco seções neste poema.
Podemos
deduzir então que a declaração “Rendei
graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia (hesed) dura para sempre” parece ter
adquirido uma importância quase que de credo, pelo tempo em que esses textos
foram trabalhados na estrutura canônica. Tanto os Salmos 118 quanto o 136
são explorações longas, líricas dessas verdadeiras confissões de fé. Elas
começam e terminam com a mesma afirmação.
Como dissemos, o tema do Salmo 136 salta a vista no
seu coro: a misericórdia do Senhor dura para sempre!
O
termo hebraico utilizado aqui no Salmo 136, traduzido (ARA) por misericórdia,
ou benignidade (ARC), ou ainda, amor (NVI) é hesed.
Hesed ocorre
246x no AT, sendo que aproximadamente metade dessas ocorrências está nos
Salmos. Descreve, mais frequentemente, a
disposição e as ações beneficentes de Deus para com o fiel, Israel, seu povo, e
para com a humanidade em geral.
Misericórdia, como está em nossa versão atualizada
de Almeida, está entrelaçada a bondade de Deus. Misericórdia, nesse contexto,
diz respeito à disposição benigna de Deus para com seus eleitos, livrando-os de
perigos, perdoando-lhes pecados, concedendo-lhes vitória e descanso. O seu
caráter, portanto é totalmente redentivo.
PORQUE
DEUS É MISERICORDIOSO?
Deus
é misericordioso porque ELE é bom.
A
misericórdia é sempre resultado da bondade de Deus. A palavra misericórdia é
latina e a ideia geral é ter o coração na miséria. Dr. Héber Carlos de Campos
define misericórdia como “a bondade de
Deus ou o amor de Deus para com os que se encontram em miséria e angústia
espirituais, sem levar em conta o fato de que eles a merecem”. (Campos,
276). Por isso, não se pode entender a manifestação da misericórdia à parte da
queda. Antes desta o homem criado à imagem e semelhança de Deus, vivia em
santidade e perfeita retidão, desta forma não conhecia a expressão deste
atributo divino, a misericórdia, visto não ter pecado, e, portanto, não ter
impedimentos ou reivindicações do caráter santo de Deus para ser punido e
disciplinado.
Em
síntese, Misericórdia é a bondade de
Deus quando mostrada aqueles que estão em miséria. (Bavinck, II, 219).
Neste Salmo nos é dito que a misericórdia de Deus
dura para sempre. Isso é um reflexo da ideia bíblica encontrada no decálogo
(Ex. 20.6: “... e faço
misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos”.) “Mil gerações” pode
ser entendido como a misericórdia que dura para sempre. Esta misericórdia interminável pertence
unicamente àqueles a quem o Senhor resolve salvar.
Nunca os filhos
de Deus ficam sem misericórdia.
Cada manhã os filhos de Deus são despertados debaixo
da misericórdia renovada. A misericórdia do Senhor é grande, não existe pecado
dos filhos de Deus tão grave, confessado em arrependimento, que ela não alcance e suplante com seus
efeitos de perdão. Ela é multiforme e infinita. Seu caráter é imutável.
Atrelada a fidelidade de Deus sua misericórdia é permanente, confiável pois não
está sujeita a mudanças intemperes. A misericórdia do Senhor é soberana, ela
sempre triunfa sobre o objeto do olhar bondoso de Deus. Tiago disse que “... a
misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2.13b).
O
Teólogo alemão Herman Bavinck afirmou que o objeto deste tipo de misericórdia,
conforme expressado neste Salmo 136 são os eleitos, os crentes. A misericórdia
de Deus com relação aos seus eleitos é infinita por causa de sua fonte, que é o
ser perfeito de Deus. Diz Bavinck:
Como ele mesmo [DEUS] é o bem absoluto e perfeito,
ele não pode amar nada, a não ser voltado para si mesmo. Ele não deve contentar
com nada menos que perfeição absoluta. Quando ele ama outros, ele ama a si
mesmo neles: suas próprias virtudes, obras e dons.
(...) Como bem supremo, Deus também é a fonte transbordante
de todos os bens. Como Deus é perfeitamente bom, ele é incessantemente
beneficente. (Bavinck, II, 217-19)
É
significativo que “bom” ou “bondade” é termo usado no Antigo Testamento para
descrever as coisas prometidas por uma aliança. A pessoa que busca refúgio no
Senhor conhecerá deveras a bem-aventurança que ele outorga a seus filhos. (Harman, 163).
Deus
mantem a sua misericórdia para com milhares, o que é imediatamente relacionado
com perdão de pecados. Parece trivial que tudo isso apenas diga que Deus mantém
o seu juramento. O juramento é mantido porque é o Deus amoroso que faz o
juramento.
Portanto,
hesed (MISERICORDIA, BONDADE, GRAÇA) é
uma das palavras que descrevem o amor de Deus.
CARACTERÍSTICAS
DA MISERICÓRDIA DE DEUS
Varias
características da misericórdia divina tornam-se aparentes no contexto da
relação de Deus com seus eleitos:
(1) A bondade de
Deus salva as pessoas do desastre dos opressores. Vejam o exemplo de Ló quando foi livrado da morte
pelos mensageiros de Deus:
“Eis que o teu
servo achou mercê diante de ti, e engrandeceste a tua misericórdia que me
mostraste, salvando-me a vida; não posso escapar no monte, pois receio que o
mal me apanhe, e eu morra.” (Gn 19.19).
Os Salmos, em particular, estão repletos destes
motivos. Geralmente, isso toma a forma de ação de graças, após Deus ter livrado
o salmista de seus adversários.
(2) A misericórdia
de Deus sustenta a vida. O poder dinâmico
da morte está próximo na experiência dos escritores do A.T. É um poder invasivo
que busca todas as oportunidades para arrastar alguém à força e exterminar sua
vida. A misericórdia de Deus contra-ataca esse poder. É um aliado da vida, uma
proteção contra o poder ameaçador da morte.
“Volta-te, Senhor, e livra minha alma; salva-me, por tua graça (hesed)” Salmos 6.4.
(3) A misericórdia
amorosa de Deus neutraliza a sua ira.
Às vezes, o texto bíblico sugere que a própria resposta de Deus para o pecado
humano corre em direções opostas. Em tais momentos a misericórdia de Deus põe
em ação um papel aprimorador ou limitador sobre a sua ira: “num ímpeto de indignação escondi de ti a minha face por um momento;”
ouve-se o Senhor dizer em Isaias 54.8, “mas com misericórdia (hesed) eterna me compadeço de ti”.
Miqueias pergunta: “Quem, ó Deus, é semelhante a ti,
que perdoas a iniquidade, e te esqueces da transgressão o restante da tua
herança? O Senhor não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na
misericórdia (hesed)”. (Mq 7.18)
(4) A bondade divina
é duradoura, persistente, até mesmo eterna. Os escritores
bíblicos celebram a eternidade da bondade de Deus. Isso é visto no contraste
com coisas que são duradouras, porém não podem durar para sempre. Por exemplo,
em Isaias 54.10a registra:
“Porque os
montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia (hesed) não se apartará de ti.”
(5) A misericórdia
divina desempenha um papel importante na vida intima e comunitária do povo de
Deus. Por um lado ela os
leva a Deus (Ex 15.30) e caracteriza o ensino que ministra a eles. Por outro
lado, é o foco da esperança deles quando se encontram em dificuldade. O alivio
vai trazer o livramento para regozijar e cantar. Ela origina a ação de graças
(Sl 107; 138.20). Finalmente, ela supre uma função pedagógica, à medida que é
lembrada, recontada, e se medita sobre ela.
(6) A bondade fiel
de Deus é abundante. O fato de que a
bondade amorosa de Deus é abundante é confirmado de duas maneiras. Primeira: os
Salmos fazem declarações cosmológicas – hesed
enche a terra (Sl 33.5: “Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do SENHOR”; 119.64: “ A terra, SENHOR, está cheia da tua bondade; ensina-me os teus
decretos”.).
(7) A misericórdia
divina caracteriza-se pelo governo de Deus e estabelece seu rei. O autor do Salmo 89.14 declara a respeito do
Senhor: “justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça (hesed) e verdade te
precedem”.
Como reconhecemos essa misericórdia
infinita de Deus na história humana?
O Salmo 136 nos ensina!
Notem-se as
quatro frases: ele é bom (1), Deus dos deuses (2), Senhor dos Senhores (3),
Aquele que só faz maravilhas (4). Pode-se dizer que essas quatro frases servem
de subtema para as quatro estrofes seguintes, mas a ordem é invertida.
I.
136.1-3: CONVITE UNIVERSAL
1
Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, porque a sua misericórdia
dura para sempre. 2 Rendei graças ao Deus dos deuses, (...).
3 Rendei graças ao Senhor dos
senhores, (...);
O
Deus dos deuses, Senhor dos senhores.
Rendei graças
basicamente, significa “confessar” ou “reconhecer”, sendo, portanto, que nos
conclama à adoração pensativa e grata, declarando tudo quanto sabemos ou
descobrimos da glória de Deus e dos Seus atos.
Moisés falou do Deus único e verdadeiro quando
disse: “Pois o Senhor, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores,
o Deus grande, poderoso e temível” (Deuteronômio
10:17). 1.500 anos depois, João falou da vitória do mesmo Deus: “Pelejarão
eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Apocalipse 17:14).
A comparação destes dois versículos, como parte de
um estudo geral do ensinamento das Escrituras sobre Jesus, mostra claramente a
divindade de Jesus. O Tetragrama Yahweh não somente identifica o Pai, mas
também descreve o Filho. Da mesma maneira que podemos chamar o Pai de Jeová ou
Yahweh, podemos aplicar este nome sagrado a Jesus Cristo.
11
Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro se chama Fiel e
Verdadeiro e julga e peleja com justiça. 12 Os seus olhos são chama
de fogo; na sua cabeça, há muitos diademas; tem um nome escrito que ninguém
conhece, senão ele mesmo. 13 Está vestido com um manto tinto de
sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus; 14 e seguiam-no os
exércitos que há no céu, montando cavalos brancos, com vestiduras de linho
finíssimo, branco e puro. 15 Sai da sua boca uma espada afiada, para
com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e,
pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso. 16
Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS E SENHOR DOS
SENHORES. Apocalipse 19.11-16
O Dr. Simon Kistemarker ao comentar essa frase
“PORQUE ELE É SENHOR DOS senhores e O REI DOS reis” descreve:
Os qualificativos dos senhores e dos reis servem
para expressar a ideia superlativa. (...) O titulo Rei dos reis denota
soberania e autoridade; o título Senhor dos senhores significa majestade e
poder. Cada governo, todas as nações e todos os povos estão sujeitos a ele; e
todos quantos pertencem ou ao mundo angélico ou à humanidade, que determinam
enfrenta-lo em luta, enfrentam uma batalha perdida e uma ruína total.
O salmo, ao se
desenrolar, faz exatamente isto, falando aqui do Seu caráter (1) e soberania
(2, 3); depois, daquilo que Ele criou e praticou (4 e segs.), e daquilo que
continua a fazer (25).
II. 136:4-9.
CONVITE A ADORAR O CRIADOR:
4
ao único que opera grandes maravilhas,
porque a sua misericórdia dura para sempre; 5 àquele que com entendimento fez os céus, (...); 6 àquele que estendeu a terra sobre as águas, (...);
7 àquele que fez os grandes luminares,
(...); 8 o sol para presidir o dia, (...); 9 a lua e as estrelas para
presidirem a noite, (...);
Estes convites juntam dois modos que há no Antigo
Testamento de tratar o tema da criação: o de Provérbios, que desenvolve o
conceito da sabedoria e do entendimento (5) que a criação pressupõe (cf. Pv
3:19-20: “O SENHOR com sabedoria fundou
a terra, com inteligência estabeleceu os céus. Pelo seu conhecimento os abismos se rompem,
e as nuvens destilam orvalho”.), e o de Gênesis, que narra a história dela (cf.
vv. 6-9 com Gn 1:9-10, 16-18).
Este tema, seja onde surgir no Saltério, convida o
cristão, não a discutir teorias cosmológicas, mas a deleitar-se no seu
ambiente, que lhe é conhecido, não como mero mecanismo, mas como obra de “amor
inabalável”. Nenhum descrente possui motivos para uma alegria desta qualidade. Só salvos rendem louvores a Deus por sua
obra de Criação!
III.
136:10-16. CONVITE A ADORAR O LIBERTADOR:
10
àquele que feriu o Egito nos seus
primogênitos, porque a sua misericórdia dura para sempre; 11 e tirou a Israel do meio deles, (...); 12
com mão poderosa e braço estendido, (...);
13 àquele que separou em duas partes o
mar Vermelho, (...); 14 e por entre
elas fez passar a Israel, (...); 15 mas precipitou no mar Vermelho a Faraó e ao seu exército, (...);
Aquilo que significa “o julgamento deste mundo” e do
seu “príncipe” para o cristão, a partir da cruz e da ressurreição, a derrota de
Faraó e suas hostes significava, até certo ponto, para Israel. Esta última
também faz parte da nossa própria história, lançando luz sobre a nossa própria
redenção e sobre o significado do nosso batismo e peregrinagem.
Os versículos
13-15 sumariam Êxodo 14.21-31.
A travessia do Mar Vermelho significou salvação para os israelitas, porém juízo
para o exército egípcio perseguidor. A ação de Deus teve duas consequências
inteiramente diferentes. Deus não é digno de receber louvores somente pelos
seus atos de livramento, mas, também, pelos seus juízos efetuados. Apocalipse 15.1-4
narra que houve jubilo e brado de aleluias quando Deus ordena seus juízos sobre
as nações ímpias. O verso três e quatro são impressionantes:
“3 e
entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo:
Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e
verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! 4 Quem não
temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso,
todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça
se fizeram manifestos.” Ap 15.3,4
No
Êxodo, por ocasião da travessia de Israel no mar vermelho, as águas foram
divididas, e Israel passou por terra seca, o Senhor, porém, submergiu os egípcios
no mar. Tal demonstração de poder divino levou os israelitas a temerem e a
depositarem sua confiança nele e em Moisés, seu servo (Êx 14.31).
IV. 136:17-22. CONVITE A ADORAR O DEUS VENCEDOR:
16
àquele que conduziu o seu povo pelo
deserto, porque a sua misericórdia dura para sempre; 17 àquele que feriu grandes reis, (...); 18 e tirou a vida a famosos reis, (...); 19 a Seom, rei dos amorreus, (...); 20 e a
Ogue, rei de Basã, (...); 21 cujas terras deu em herança, (...); 22
em herança a Israel, seu servo,
porque a sua misericórdia dura para sempre;
(1) Louvor pelas Experiências no Deserto (v. 16). Não foi só no tempo do êxodo que Deus exibiu seu
poder. Durante as experiências no deserto, ele deu a seu povo proteção e
sustento divino. Ele foi o grande pastor que guiou seu povo como um rebanho e
os conduziu em segurança (Sl 78.52,53). Os salmistas parecem ter tomado
expressões por empréstimo de Deuteronômio (ver Dt 8.2: 2: “Recordar-te-ás
de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta
anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração,
se guardarias ou não os seus mandamentos.”
8.15; 29.5), e os profetas descrevem a condução pelo deserto em termos
semelhantes (ver Is 48.21: “Não
padeceram sede, quando ele os levava pelos desertos; fez-lhes correr água da
rocha; fendeu a pedra, e as águas correram”. Cf. Jr 2.6; Am 2.10).
(2) Louvor pela Conquista. Em sua partida rumo a Canaã, os israelitas tiveram
que atravessar território hostil a leste do Mar Morto. Nem Seom, rei dos
amorreus, nem Ogue, rei de Basã, permitiram sua passagem sem disputa, e depois
de serem derrotados pelas mãos dos israelitas suas terras foram tomadas. Os
relatos históricos são dados em Números 21.21-35 e Deuteronômio 2.24-3.11. O
território de Seom e Ogue forneceu terra a duas tribos e meia - Gade, Rúben e a
metade de Manassés. A promessa básica da terra de Canaã dada a Abraão (Gn 12.7)
foi reafirmada no tempo do êxodo e chamada herança de Israel (Êx 32.13). Quando
Israel ocupou Canaã, esta foi distribuída por sorte como herança (Nm 33.54), de
modo que Deus estabeleceu “as tribos de Israel em seus lares” (SI 78.55). Os
israelitas individualmente eram servos de Deus, mas a nação como um todo podia
também ser chamada por Deus “minha serva” (cf. também Is 41.8; 44.1,2).
V.
136:23-25. CONVITE A ADORAR A DEUS, NOSSO AMIGO NA
HORA DA NECESSIDADE:
23
a quem se lembrou de nós em nosso
abatimento, porque a sua misericórdia dura para sempre; 24 e nos libertou dos nossos adversários,
porque a sua misericórdia dura para sempre;
Convocação
Renovada ao Louvor. Os versículos
conclusivos servem para sumariar o salmo como um todo, e talvez expressem a
experiência reiterada de Israel desde o tempo da conquista até o exílio. Os w.
23-24 talvez são um resumo da história já contada, mas mais provavelmente a
continuam até o tempo presente. Afinal das contas, “o seu eterno amor dura para
sempre”, e o refrão tem a intenção de mostrar a relevância de cada ato de Deus
a todos quantos cantam o salmo.
Deus
não se esquecera de seu compromisso pactual, porém manteve em mente seu povo. A
expressão “nosso abatimento”, usada no verso 23, é uma expressão
veterotestamentária para “rebaixamento” ou “humilhação”, e podia descrever os
tempos de dominação por povos adjacentes durante o período dos juízes ou algum
dos períodos posteriores, inclusive a humilhação abjeta do exílio.
Depois,
v. 25 passa a alargar o horizonte em termos de espaço, e não somente de tempo.
25
e dá alimento a toda carne, porque a
sua misericórdia dura para sempre;
Deus
era o libertador, mas foi também aquele que supriu a todos de carne em
abundância segundo sua promessa a Noé.
O
verso 25 evoca a lembrança da promessa de graça comum de nosso Deus feita por
ocasião do pacto com Noé, logo após o assentamento da arca no monte Ararate:
8 Disse
também Deus a Noé e a seus filhos: 9 Eis que estabeleço a minha
aliança convosco, e com a vossa descendência, 10 e com todos os
seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os
animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra. 11
Estabeleço a minha aliança convosco: não será mais destruída toda carne por águas de dilúvio,
nem mais haverá dilúvio para destruir a terra.
12
Disse Deus: Este é o sinal da minha aliança que faço entre mim e vós e entre
todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gerações: 13
porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra. 14
Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, 15
então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres
viventes de toda carne; e as
águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. 16 O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei
e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a
terra.
17
Disse Deus a Noé: Este é o sinal da aliança estabelecida entre mim e toda carne sobre a terra. Gênesis 9.8-17
VI.
136:26. CONVITE A ADORAR O DEUS DO CÉU:
26
Oh! Tributai louvores ao Deus dos céus, porque a sua misericórdia dura para
sempre;
O
versículo final toma o cântico de louvor inicial, retoma o estilo dos vv. 1-3,
e o reitera com uma leve alteração, fazendo com que o salmo volte, em efeito, à
nota tônica que lhe deu início. O modo de falar a Deus se torna “o Deus do céu”. Em nenhuma outra parte
nos salmos ocorre este título, e parece ser essencialmente uma designação para
Deus no período pós-exílio (Ed 1.2; Ne 1.4; Dn2.18).
E
o que faremos nós, no dia de hoje?
Tomaremos
por ação de graças a lembrança viva, real e presente de que nosso Deus é o Deus
criador.
Mas,
ele não é digno de nosso louvor somente porque criou céus e terra, mas também o
sustentador, o provedor de tudo.
Em
sua divina providência, Deus fez de si mesmo o redentor e libertador de seu
povo. Quantas maravilhas ele tem feito em nosso meio? Você pode contá-las? Mas,
certamente, pode cantá-las, assim como o proclamou o profeta Isaías no capítulo
63, verso 7 de seu livro, também nós podemos dizer:
“Celebrarei as benignidades do SENHOR e os seus atos
gloriosos, segundo tudo o que o SENHOR nos concedeu e segundo a grande bondade
para com a casa de Israel, bondade que usou para com eles, segundo as suas
misericórdias e segundo a multidão das suas benignidades”. Isaías 63:7
Comentários
Postar um comentário
Reservo o direito de publicar comentários que estejam em sintonia com o tema do post, e que venham escritos em linguagem saudável e respeitosa.